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segunda-feira, 21 de maio de 2012

O passo em falso

Oooie!

  Olha quem resolveu postar de novo! Nem vou dar desculpas para minha ausência aqui, sumi porque o Twitter tava consumindo toda a energia que eu dedico a internet. Primeiro, tenho uma novidade: sou colaboradora oficial do Estuda meu Filho com direito a salário pago em jujubas, lá vou mostrar todo o meu lado cultural, é, parece que a alienada cultural aqui já não é mais tão alienada (hell yeah!).
  Mas chega de enrolação e vamos ao que interessa, mais uma crônica noia escrita por mim. É, eu sei, não escrevo bem, mas me dá comichões de escrever algo quando este me vem à cabeça (ha!) e o blog é meu eu faço o que quiser. Aproveitando o gancho dá uma olhada nos novos manos à direita: o Conversa Paralela (blog tão sem foco quanto este) e o Maeister Storie's (este sim especializado em crônicas e contos).
  Tá, agora é sério, a crônica:

    Ela era criança, tinha seus oito anos e umas remanescências de bochechas. Algumas quedas por tropeços e correria e umas batidas em quinas de móveis eram seu histórico de acidentes até aquele dia.
  Sua mãe havia ido ao fundo do quintal e ela resolveu segui-la.  Numa brincadeira totalmente infantil fechou os olhos enquanto andava confiando no seu "conhecimento" do terreno. Um passo em falso no escuro e seu 
diminuto corpo despencou de uma pequena descontinuidade do terreno, caindo de costas.
    De repente não sentia mais o chão. Seu corpo flutuava e sentia-se estranhamente voando. Abriu os olhos no instante em que percebeu a falta de solo abaixo dos pés e contemplou o céu azul, bonito, acima de seus olhos. O corpo em queda, leve, porém na realidade pesado, a gravidade agindo com toda sua força no mundo concreto, material, real. Mas para ela era como voar, acima só o lindo firmamento cor de turquesa, abaixo nada que pudesse retê-la. Era lindo, surreal, fascinante. No mesmo momento percebeu o perigo da situação, seu corpo caía, e não chegava ao chão. Iria morrer naquela queda, perderia a vida por andar de olhos fechados! Vislumbrou em sua mente o curto filme de sua vida. Como boa cristã, arrependeu dos poucos pecados e agradeceu os bons momentos, tudo isso admirando o esplêndido céu. Sentia um pouco de pânico, mas tão leve, voando, como um anjo indo para o céu.

     O homem não pode voar, a natureza não concedeu asas ao ser humano. Mesmo assim, buscamos o ar, o céu, o vento contra o rosto. E é caindo que muitos sentem essa sensação, saltando de para-quedas ou mesmo no arriscado base jump. É a gravidade, força natural que nos joga contra o solo que proporciona a mente humana a subjetiva sensação de voar. Mas é esta mesma força que impiedosamente leva a vida dos que se jogam ao final.
    Sem nem conhecer essa coisas da física ela sentia a agradável sensação de voar enquanto o belo céu a assistia, ignorou a fraqueza humana da morte para sentir o gosto do ar. Fechou os olhos novamente, não por imprudência, mas despedindo-se da breve vida. Sentiu o impacto, abriu os olhos assustada, viu sobre si o mesmo céu de verão, porém o corpo não flutuava mais. Estava jogada sobre a grama alta. Ainda sem entender se havia sonhado ou morrido, movimentou-se e percebeu que estava suja de barro. No braço um ralado e um corte superficial na mão. Começou a se dar conta da queda e olhando para seu precipício percebeu que este media um pouco mais de 1,5 m e que tudo aquilo foi apenas um rápido susto. Ou para ela, um voo.